Voltar à Infância

Hoje tive oportunidade de fazer uma coisa que já não me lembrava de fazer.

Quando era pequenina, para além das brincadeiras, tinha dois passatempos de eleição. Um deles era levar migalhinhas às formiguinhas que havia perto da minha casa. O outro era ir ao jardim público ver os peixinhos vermelhos.

Os anos foram passando e no lugar do formigueiro que eu gostava de visitar construiram um prédio. Quanto ao jardim, continua no mesmo sítio, mas a sua remodelação levou consigo os peixinhos.

Mas mesmo sem peixinhos, foi bom ficar ali sentada a olhar para o lago. Fez-me recordar a minha infância.

Apesar da manhã fria de Inverno, o Sol era tentador.

-"Hoje não tenho horário a cumprir. Antes de mergulhar no trabalho, preciso de um pouco de tempo só para mim."

Depois de um banho renovador, aproveitei para passar os olhos pelas notícias enquanto tomava o pequeno-almoço.

-"Que saudades da montanha!"

Durante breves instantes, senti o cheiro, os sons, a paisagem. No fundo toda aquela imensidão, que, por um lado me faz sentir o ser mais pequenino deste mundo, transmite-me paz e segurança. Ali consigo toda a serenidade de que preciso. Ali há uma magia especial.

-"O cheiro é diferente e a sensação de serenidade é ainda maior do que a habitual. "

Fui-me aproximando, muito lentamente. Assim também ia ganhando a coragem necessária para invadir o teu espaço.

-"Importas-te de partilhar este momento comigo?"

-"Ah! és tu! Como é que me encontraste?"

-"Não te encontrei, nem sequer andava à tua procura. Senti a tua energia."

-"Esta paz já me fazia falta."

-"A mim também."

Num silêncio total, ficámos ali, até perdermos a noção do tempo e do espaço.

São 7h da manhã, o som do despertador e da chuva a bater na janela quebram a paz do meu sonho.

Ai Que Distraída Que Eu Sou!

Não sabemos ler; não sabemos escrever; não sabemos ouvir. Conclusão? A resposta passa completamente ao lado da pergunta.
Mas o problema não ter nada a ver com isso. Eu é que sou muito distraída!
Não haverá por aí distracção a mais?