Estás a impor-te. Sufocas-me. Falta-me o espaço.

Estar contigo a toda a hora foi uma coisa que nunca quis, nem mesmo quando poderia ter querido.

Agora quero espaço, preciso de respirar e tu não deixas.

Estás a impor-te sem qualquer tipo de preocupação, fazes dos dias uma obrigação.

Nunca quis nada disso. Quero menos agora.

Não sabes, nem nunca saberás, porque o carácter te deixou muito a desejar, que a vida é feita de escolhas e que todas as escolhas têm consequências. É assim, são as regras.

Não podemos agradar a todos. Não conseguimos ser porreiraços a vida inteira. Mais tarde ou mais cedo, é inevitável assumir posições e assumir as consequências que daí advierem, sob pena de se perder por completo a credibilidade.

 Pores, constantemente, em causa o que eu digo é só uma mostra do incapaz que és.

 Odeio essa pessoa amargurada em que te tornaste, que fica particularmente frustrada e agressiva nestas fases de confinamento. 
Odeio especialmente a raiva que me provocas.
Isto que vivemos mostra o que há de mais verdadeiro em cada um de nós e tens deixado que as frustrações se acentuem e te tornem cada dia pior.

Hoje dei-me conta de que há muito não te dava atenção. Muito antes do momento em que, conscientemente, decidi que não terias mais um lugar especial na minha vida. E isso aborreceu-me. Levaste-nos a um desgaste tão grande que deixaste que me tornasse invisível para ti e fizeste-te invisível para mim. Odeio fazer as coisas só por fazer. Odeio estar com alguém sem realmente lá estar. 

Há séculos que não vinha aqui. 

Hoje apeteceu-me.

Acho que vou voltar.